True Color Paint e Digital Arts Lumena

porMario Barreto

True Color Paint e Digital Arts Lumena

Continuando de onde parei, do Cubicomp, vou escrever sobre o TCP e o Lumena, os dois Paint Systems que vinham com ele e eram necessários para fazer backgrounds, texturas, enfim, manipular imagens digitalmente.

Logo depois a Quantel lançou o Paintbox, que dominou o mercado de Digital Paint para o broadcast e foi a base de onde depois nasceram todos os outros softwares da Quantel que estão aí até hoje. Ser “paintboxer” era uma posição de prestígio para a qual se pagava muito bem. Não tem muito tempo aprendi a usar o Pablo e eQ, e finalmente me senti um paintboxer!

Tela do Paintbox. Mudou pouco…

Uma amiga comentou “pra que ficar lembrando o passado? O negócio é a inovação!” Concordo que a inovação é importante, mas também acho tudo o que está aí a disposição dos inovadores tem uma história e representam um conhecimento que pode ser muito útil. Como disse Isaac Newton “Vi mais longe porque estava apoiado no ombro de gigantes”. Alguém tem que olhar para trás né?

De cara, o que do passado mais me ajuda no trabalho de hoje, é a minha cabeça de gerenciamento de recursos. Eles eram escassos, tinham que ser usados com muita parcimônia. Usar os recursos hoje como se eles continuassem a ser raros, tem me ajudado bastante, pois meus equipamentos estão sempre sendo “economizados” e rendem muito mais.

Vejam por exemplo o que o Lumena exigia… 256 a 512K de RAM e um mínimo de dois disquetes de 5 1/4. Nem HD era necessário, embora eu tivesse a minha disposição estonteantes 20 Mb de HD para trabalhar. Um luxo. Bill Gates chegou a dizer que “640k de RAM é tudo o que os usuários vão precisar na vida”.

Anúncio do Lumena e Specs. Vejam o preço!

O Lumena que usei tinha o diferencial de trabalhar no modo “Map Color”, embora também pudesse em versões mais novas, trabalhar em bitmap high color e full color. E o que significa isso?

Significa que cada pixel na tela de 512 x 481 recebia não uma cor, mas um índice. E este índice era associado a uma cor. Sendo assim, ao manipular os índices, as cores mudavam na tela em tempo real. Geralmente em mapas de 256 cores. Isso na mão de um designer criativo e bom como o Toni Cid dava margem para manipulações incríveis e animações em tempo real, em uma época em que nada era tempo real nos computadores. Toni fez aberturas de novelas brincando com isso.

Abertura de Guerra dos Sexos

Mas não usando o Lumena e sim usando o sistema de pintura que a TV Globo desenvolveu para o computador Cromenco, que era nesta mesma linha, muito parecido até na interface.

O True Color Paint, TCP, foi desenvolvido pela Island Graphics e era igualzinho ao TIPS (Truevision Image Paint System) que vinha junto com as placas frame buffer TARGA (Truevision Advanced Rsater Graphics Adaptor). As placas TARGA dominaram este mercado entry level e depois falaremos dela.

O TCP era um paint bitmap fácil de usar, com seus comandos na tela RGB, com um menu flutuante. Bem limitado em suas ferramentas, mas todos sabiam usá-lo. Tenho um TIPS operacional que funciona até hoje, basta ligar. Era rápido e eficiente mas sem nenhuma sofisticação. Longe, muito longe de um Photoshop de hoje.

Eu usando o meu TIPS

Para controlar ambos usávamos tablets Summagraphics com fio, que precisavam ser conectados aos PC’s através de portas seriais que eram um inferno de configurar os IRQ’s usando jumpers nas placas. Disso eu não tenho a menor saudade.

Um Tablet Summagraphics com o stylus e o puck.

Logo as vantagens do modo Map Color foram ultrapassadas pelo avanço do hardware e software, e o único representante que ficou no mercado por mais tempo foi o Autodesk Animator, que era uma outra porcaria (minha opinião)

 

Tudo isso rodando em DOS, pois o Windows ainda não tinha nascido.

No próximo post vou lembrar o Script, o incrível sistema que a TV Globo desenvolveu com a PDI e que era o máximo naquela época.

 

Abraços

Mário Barreto

Sobre o Autor

Mario Barreto administrator

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Deixe uma resposta