Categoria Administração

Eita!!!

Eita!!! Por esta eu não esperava para agora, e levei um super susto ao ler em um post do Alceu Baptistao, que o Serginho não está mais entre nós.
Caramba, não sei qual foi a circunstância, se foi doença, qual doença, se era esperada ou não.
Eu, Alceu, Serginho e mais meia dúzia de brasileiros, não chega a esgotar os dedos das mãos, podemos dizer que somos os pioneiros no negócio de usar computadores para produzir imagens para publicidade e propaganda.
Lá no início dos anos de 1990, tocávamos nossos bravos sistemas Cubicomp Picture Maker para atendermos as agências de publicidade de todo o Brasil. Com muito sucesso, crescemos, nos desenvolvemos e a Vetor Zero está aí até hoje.
Minha cabeça é péssima e não lembro como eu conheci o Serginho. Conheci-o primeiro, ficamos amigos, visitamo-nos no Rio e em São Paulo. E teve um ano que até dividimos um quarto e carro em Las Vegas, por conta de uma NAB. Ficamos juntos no Bally’s e todos os dias fomos para o congresso. A foto acima é desta ocasião.
A outra foto foi em um dos primeiros festivais Anima Mundi, e vemos também na foto o Mario Nakamura (um moleque) e o agora filósofo Levi Luz.
São muitos anos né, e depois eu fiquei mais amigo do Alceu Baptistao e parei de ver, falar, conversar com o Serginho. Nada aconteceu mas simplesmente aconteceu. Quando eu ia na Vetor visitar eu falava com o Alceu, com o Alberto Lopes e muito raramente encontrava com ele.
Então é isso, partiu desta existência para uma melhor (com certeza) o meu (nosso) amigo, pioneiro da computação gráfica, produtor, empresário Sergio Salles. Que todos os familiares, amigos, conhecidos, funcionários aceitem com serenidade esta situação. A impermanência é uma certeza desta vida.
Minha batata está assando e eu já sentindo o calorzinho…
Amém.

Tudo .IA

O momento atual me lembra quando os carros começaram a trocar o carburador pela injeção eletrônica. Todo carro injetado, tinha o .i no final do nome do modelo. Monza I, Fusca I, Kombi I, Lambretta I…. tinha que ter o I no final, para deixar claro que o carro contava com a última tecnologia, a injeção.

Na verdade, um sistema de injeção é mais simples e mais barato de produzir do que um bom carburador. E existiam sistemas de injeção desde o final dos anos de 1930. De fato, Herbert Akroyd Stuart fez um motor com injeção funcionar em 1891, ou seja, não era nenhuma novidade. A diferença é que finalmente tornou-se possível fabricar e montar nos carros de qualquer preço, um sistema simples, robusto e, principalmente, barato.

Esta é a verdade, mas quem liga para isso? O que importa, sempre, é a percepção. Sendo assim, para serem percebidos como modernos, tinham que ter o I no final do nome. Hoje não tem mais, não é mais um diferencial. Todos os carros são injetados, então não existe mais a necessidade de ficar repetindo isso.

O mesmo ocorrerá com a IA.

Desde o início da computação, a busca sempre foi esta, a do computador sabe tudo. Em 2001 uma Odisséia no Espaço, co-escrito por Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke, o HAL 9000, computador de bordo, já demonstrava tudo o que hoje se chama, como se fosse novidade, de IA. É um filme de 1968, ou seja, tem mais de meio século (56 anos). É uma idéia, um conceito, velhos, conhecidos, previstos, não tem nada de novidade.

E porque demorou tanto para aparecer? Porque faltava potência barata aos computadores. Potência de cálculo, potência de comunicação, de transmissão de dados. Hoje, temos esta velocidade em tudo. Pouca gente sabe, mas quando você faz uma consulta para a Siri, este processamento não é realizado no iPhone… Ela é enviada para os computadores no centro de computação da Apple na Carolina do Norte, lá ela é processada, lá a resposta é calculada e devolvida ao seu aparelho. Tudo isso hoje em dia em uma fração de segundo, capaz de tornar a comunicação viável. O nosso cérebro tem um tempo de processamento, e quando a resposta, seja ela visual, sonora, dentro de um tempo mínimo (quem trabalha com UX sabe que tempo é este), a comunicação fica engajada. Neste tempo mínimo de tempo, dá tempo para fazer tudo isso, nosso cérebro, eletrônicamente falando, é lento para o clocks e potências de cálculo e transmissão de dados de hoje em dia.

Dito isto, ABSOLUTAMENTE TUDO que se faz hoje em dia com um computador e smartphone, é ou será em breve, realizado com a utilização de programas que usam esta velocidade de consulta e interação de dados que estão todos aí chamando de IA. Bobamente, como estavam os motoristas de anos atrás, foram bombardeados com os carros .I que não existem mais, agora são os .E de elétricos. E os programas gritando que usam IA.

Grandes coisa, daqui para frente tudo é IA. Muito em breve, isso vai sumir das manchetes.

O mundo tem que parar de ficar repetindo esta bobagem e já imediatamente usar estas capacidades dos computadores, que chegou para ficar e evoluir, e fazer um mundo melhor, mais bem escrito, mais bem projetado, mais bem desenhado, melhor em tudo. Este é o grande avanço que o mundo ganhou.

A questão da Escala de Trabalho

Estão muitos por aqui, e por ali, discutindo a questão da escala de trabalho. Argumentos daqui e dali, mas não vi ainda o que para mim é uma questão central na discussão, que é o valor do trabalho. Se trabalhar valesse a pena, os caboclos e caboclas trabalhariam, felizes, 7×0. O problema é que ao longo dos últimos 50/60 anos, o trabalho vale cada vez menos, pressionado pela tecnologia, pela quantidade de trabalhadores disponíveis que praticamente dobrou com a inclusão das mulheres, e com a tomada de todas as empresas do mundo pela liderança financeira.

Na novela recente teve uma cena, que virou meme, quando uma personagem faz uma introdução longa dizendo mais ou menos assim: “E você acha que eu vou me vender? Minha história, todas as coisas que eu fiz e blá blá blá”, quando é interrompida pelo outro personagem que corta dizendo: “Seis milhões na sua conta”. Imediatamente acaba a discussão, tá tudo certo, ela botou a viola no saco e já aliada dos 6 milhões, começou a obedecer ao plano.

É isso, se o trabalho estivesse valendo a pena no Brasil, quanto mais trabalho melhor. Como é para aqueles que emigram do Brasil para outros países, onde não existem CLTs, mas o trabalho é bem pago. Com dinheiro na conta, o trabalhador tem a liberdade de escolher quando e como ele irá descansar, baseado no seu próprio planejamento. Eu tenho uma amiga, por exemplo, que foi morar na França, casou-se lá com um francês e que trabalha apenas 3 meses por ano na colheita da uva. Nestes 3 meses ela vai para uma plantação, o marido vai para outra, eles tiram férias conjugais de 3 meses e faturam juntos os suficiente para viverem os outros 9 meses do ano. Segundo ela, que não quis ter filhos, eles não querem ter coisas, querem apenas viajar e comprar livros. 3 meses de trabalho de cada um, dá para isso. E pronto.

Os salários atuais, se você trabalha na iniciativa privada, estão aviltantes. A tecnologia corta necessidades, existe uma oferta brutal de mão de obra e as empresas só pensam na última linha, o lucro que sobra entre o faturamento e as despesas. Salários para eles é despesa. Se puder ser realizado por robôs, melhor ainda. A segunda melhor coisa é pagar o mínimo possível. Não acreditem no que dizem os profissionais de “Capital Humano”, é tudo mentira. “Nossos colaboradores são o maior ativo da empresa”, tudo mentira. No primeiro aperto são todos demitidos, e os salários oferecidos cada vez menores.

Não tão longe, na década de 1970, era comum que apenas os homens trabalhassem, e mesmo assim suas casas suburbanas eram pintadas, tinham 3 ou 4 filhos e um fusca. Hoje, em uma família de 4 pessoas é necessário ter uma renda de 8 para viver bem mais ou menos.

Então é fácil entender o lado do trabalhador. Ganha pouco, esforça-se muito, o trabalho é um estorvo, com transportes, instalações, promoções, ficando a cada dia mais difíceis. E lendo no smartphone que o conglomerado financeiro do qual sua empresa faz parte apresenta lucros recordes e que o principal executivo subiu tantas posições na lista dos bilionários. Não dá né?

E também é fácil entender o empresário que não é protegido pelo governo, que sofre para pagar impostos e taxas escorchantes, sempre lutando entre empreender ou parar tudo e viver de emprestar dinheiro ao governo e ganhar dinheiro sem fazer nada e sem dar emprego a ninguém. Aumentar ainda mais qualquer despesa, salários, é um luxo que não se pode sequer pensar.

As sociedades precisarão lidar com este desafio. Em um mundo em que o trabalho diminui, e que o valor do trabalho também diminui, quem terá recursos para fazer a roda da economia girar? Não esperem que os que atualmente estão se beneficiando da situação, venham com a solução. Eles não tem e não querem solução para um problema que não é deles.

Como diz o ditado, “Trabalhar não é ruim. O ruim é ter que trabalhar.” Se o trabalho fosse bem, ou melhor pago, não seria um problema tão grande mexer nas escalas de trabalho. Mas, por esta merreca aí… aí não né?

Pensamentos do século passado sobre o Home Office…

Eu sou de um outro tempo. “No meu tempo”, as empresas tinham donos. Geralmente os filhos ou netos do fundador, inventor, pioneiro, pessoa excepcional que deu início ao negócio de sucesso.

Os negócios de sucesso orgulhavam-se de ter a sua “sede própria”, uma instalação cuidada com carinho e que de todas as formas materializava o tamanho do sucesso da empresa.

Os funcionários geralmente tinham salas próprias, que ocupavam por anos, a empresa tinha lindas salas de reunião, refeitórios, estacionamento, secretárias. Geralmente quem fosse competente e bem sucedido em seu trabalho, ia sendo promovido até chegar na Diretoria, onde tinha um excelente salário, viajava apenas de Executiva e podia contar com um automóvel e uma secretária. E também geralmente, ali ficava até a aposentadoria.

O trabalho levava o tempo necessário para ser realizado, o funcionário geralmente trabalhava 4 horas na parte da manhã, com os cafézinhos, almoçava com calma e voltava para as 4 horas da parte da tarde. No final do expediente, cumprimentava todos com um até amanhã e ia para casa, sem tanto medo de assaltos, descansar e cuidar de sua família. Esta família era maior, não era incomum ter 4 filhos, a esposa ser “do lar” e o único provento da família ser o salário do pai trabalhador.

Os fornecedores eram sempre pagos em dia, bem como os salários e impostos, isso fazia parte da grandeza da empresa.

Ao final do ano, o negócio dava lucro. A família controladora vivia muito bem, os Diretores também, os funcionários idem e o local de trabalho era o escritório e a fábrica (quando o caso).

Agora vejam como isso era atrasado e como melhoramos.

Quase todos estes negócios foram vendidos para grupos financeiros. Ao assumir os negócios, os passos estão nos livros de administração moderna:

1 – Demitir todos os Diretores caros, cortar carros, salas, viagens executivas e secretárias.

2 – Vender a Sede Própria e alugar uma instalação sempre temporária. Contabilmente a despesa de locação é mais atraente.

3 – Implantar um sistema de pagamento de fornecedores o mais vantajoso possível, com pagamentos em 90 dias ou mais .

4 – Pagar os piores salários possíveis, pois como as empresas tem todas o mesmo perfil e muitas vezes o mesmo dono, é fácil controlar o mercado, obter informações e nivelar por baixo.

5 – Usar toda a tecnologia possível para baratear a mão de obra, quando não for possível eliminá-la totalmente.

6 – Convencer os trabalhadores de que é muito melhor trabalhar de casa, um ambiente muito mais hostil ao trabalho, usando seus equipamentos, luz elétrica e demais instalações, do que prover um escritório bem equipado e caro de manter.

7 – Denunciar os direitos trabalhistas, pejotizar todos e descartar os trabalhadores logo que eles passem dos 40 anos, trocando-os por jovens mais baratos, que com a ajuda dos sistemas e da IA, produzem a mesma coisa por muito menos. Afinal, não tem filhos e nem despesas maiores para sustentar.

No meu tempo, no século passado, mesmo funcionando de forma tão “primitiva” (pagar fornecedores com 30 dias… que primitivo), as empresas funcionavam bem, geravam lucros e a sociedade era menos pressionada.

O novo jeito de gerenciamento financeiro do mundo é, em minha opinião, uma bosta. Uma merda. A troco de concentrar uma quantidade descomunal de dinheiro na mão de uma meia dúzia de controladores, esbodega com tudo o que está abaixo. Sempre vai aparecer um para dizer que eu posso também me beneficiar deste novo sucesso financista, comprando ações destes novos e super rentáveis negócios. Só que com o meu lucro anual eu posso trocar de iPhone, enquanto os controladores pulam seu patrimônio de 45 bilhões para 62 bilhões de dólares.

Os jovens de hoje, os nem tão jovens, nunca viram um mundo melhor, tenho pena deles, porque como se fosse pouco, está ainda piorando.

O mundo dos escritórios bacanas, em prédios lindos, salas confortáveis, moça do café, secretárias, boys, horários bem estabelecidos, prazos decentes, bons salários, transporte coletivo mais seguro, vagas de estacionamento na empresa e futuro previsível, era o normal.

Hoje, como é? Pelo o que eu vejo nos memes é o caboclo trabalhar de casa, aporrinhado com as questões do lar, sem secretária, sem boy, sem um bom salário, sem garantias, sem interação, pressionado por prazos inexequíveis e sem horário de trabalho.

E o mais incrível!!! Acham bom e querem continuar assim.

Então tá né? Quem você conhece que, hoje em dia, sem usufruir de uma herança, apenas com o seu salário pode comprar um apartamento em Ipanema, um bom automóvel e desfrutar de boas férias anuais? Sem ganhar no tigrinho, é claro…

A IA Mania.

Para aqueles que apontam que sou um crítico incessante e apenas posto reclamações, permitam-me discordar… de tempos em tempos, compartilho um trabalho meu, como podem conferir clicando aqui.

Entretanto, a crítica é algo que não consigo evitar. Vamos lá, com um pouco de contexto… Em 2010, eu era sócio de Marcio Nunes na Bitix, uma empresa de tecnologia focada no desenvolvimento de aplicativos para smartphones. Minha função era estabelecer parcerias com agências de publicidade e oferecer nossa expertise na área. Tentamos argumentar que, “no futuro”, as pessoas acessariam mais a internet por meio de smartphones do que por computadores. Surpreendentemente, os criativos, profissionais de mídia e planejamento não acreditaram. Em 2010. Insistimos que as campanhas precisariam de um complemento: um aplicativo integrado às ações de comunicação para serem completas. Sem sucesso. Eles simplesmente não conseguiam visualizar. Meu projeto fracassou.

Muitos anos antes, na abertura da internet pública no Brasil, eu e meus sócios Thomas Wilson e Robson Ribeiro fundamos um dos primeiros provedores de internet privada do país, utilizando a infraestrutura da Embratel. Rapidamente, desenvolvemos websites para nossos negócios, mas as agências também foram resistentes, levando um bom tempo para entender o que era a internet. Houve até um episódio em que uma agência reclamou porque a produtora utilizou a internet. Era um cliente em São Paulo, e eu criei um hotsite, secretamente, para apresentar o trabalho que estávamos desenvolvendo juntos. A agência ficou furiosa, pois não sabia como usar, não tinha acesso à internet.

Lembro-me do primeiro microcomputador ao qual tive acesso, um modesto TK82C com apenas 4K de memória. Fiquei desapontado ao descobrir que a máquina não sabia nada e que eu precisava digitar dezenas de linhas de código para fazê-la funcionar. Para alguém que viu “2001: Uma Odisseia no Espaço” e conheceu o HAL 9000 (Heuristically Programmed Algorithmic Computer), foi uma grande decepção.

As coisas demoraram a melhorar, pois a promessa do “sabe tudo” não foi cumprida. A primeira tentativa nesse sentido foram as enciclopédias em CD-ROM, onde, em 640MB, toda a informação do mundo deveria caber. Por exemplo, a Microsoft Encarta. Os computadores, que não estavam interconectados, não sabiam nada. No máximo, tinham acesso aos 640MB do CD-ROM.

Então veio a internet, os computadores começaram a se conectar, mas no início faltavam servidores, informações digitalizadas e uma comunicação ágil entre eles, agora terminais, as fontes de informações, que são os servidores. No início, nos conectávamos com modems analógicos de baixa velocidade.

Foram necessários mais 20 anos até que as redes de intercomunicação entre os computadores ficassem suficientemente rápidas para que o tempo de resposta fosse aceitável. Vocês sabiam que todo o processamento da Siri, por exemplo, não é feito no iPhone ou Mac? Sua voz é transmitida para um servidor da Apple na Carolina do Norte, onde é decodificada, a Siri encontra a resposta e a envia de volta. Tudo isso em um tempo mínimo. Isso é a latência aceitável. Vejam a importância da latência… Para cada 100 ms de latência, o Google estimou uma queda de aproximadamente 0,20% no tráfego de pesquisa, e a Akamai mostrou uma queda de 7% nas taxas de conversão. No Walmart.com e Staples.com, cada 1 segundo de melhoria no tempo de carregamento equivale a um aumento de 2% e 10% nas taxas de conversão, respectivamente. Não é à toa que minimizar a latência na internet é uma indústria multibilionária.

Estamos agora em 2024, onde temos uma comunicação rápida o suficiente e servidores com informações suficientes para finalmente, após 50 anos da invenção do Altair e 56 anos da estreia de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, termos um computador que finalmente cumpre sua promessa de ajudar a humanidade, permitindo uma interação natural, sem exigir conhecimentos avançados de computação.

Para mim, IA é simplesmente isso: a realização da promessa da computação. Aquilo que o computador deveria ter sido desde o início, mas não conseguiu por limitações técnicas. É muito, mas para mim, é só isso.

Com todo esse histórico, olho com desconfiança para os supostos especialistas em IA, os “domadores” de IA, os mestres dos prompts de IA. Na boa, são os mesmos que não entenderam a internet nos anos 90, os mesmos que não entenderam os smartphones em 2010. Pessoas que mal sabem usar um iPhone e chamam qualquer calculadora que some 1 + 1 de IA. Sou pretensioso? Sou.

Minha experiência me mostrou que as agências frequentemente se apresentam como tecnológicas e inovadoras, mas, na realidade, são compostas em sua maioria por pessoas que mal sabem configurar um iPhone e que precisam de ajuda técnica até para ligar uma impressora na tomada. Agora, querem se tornar especialistas em IA.

Para mim, toda a computação daqui para frente será baseada naquilo que estão chamando de IA. Absolutamente tudo o que faremos em um computador terá a participação dele e da chamada IA. Meu programa de email, Spark, oferece IA para escrever emails. O navegador oferece IA para pesquisas mais precisas. O Photoshop oferece IA para retoques mais simples. O iFood usa IA para otimizar os pedidos. Tudo. Acho toda essa empolgação com IA uma bobagem. Vai desaparecer em breve. A IA já está incorporada em tudo, e o trabalho continuará o mesmo, com a assistência do computador. Com ou sem a assistência do computador (IA), quem é incompetente continuará incompetente.

Conversando com minha orientadora de mestrado, lembrei-me de quando comecei na arte. Para fazer um degradê, eu precisava usar um aerógrafo, tomar cuidado com os respingos, preparar as cores com Ecoline e aerografar habilmente em uma folha de papel schoeller. Usar máscaras, Letraset, e todo o resto. Com o advento dos computadores, tornou-se uma questão de segundos e dois cliques. Mas então descobri que o trabalho mais importante não é fazer o degradê, mas sim criar mentalmente a imagem para sua posterior execução.

Me digam… como seria o prompt de IA de alguém que não tem nada na cabeça? Que não sabe imaginar, pensar, escolher? Dito isso, chegamos à conclusão de que os fundamentos do trabalho continuam os mesmos, apenas os computadores, aproveitando a disponibilidade de dados e a interconexão de baixa latência, são capazes de fazer o que sempre deveriam ter feito, mas não conseguiam.

Lembram-se dos carros que tinham uma placa atrás dizendo “Automático”? Pois é, nenhum carro de luxo tem mais essas placas, pois já se sabe que todos são automáticos. Toda essa conversa sobre IA em tudo logo chegará ao fim, porque tudo será IA. Tudo já é IA.

A esperança é que a humanidade utilize essa nova ferramenta para elevar o nível de seus trabalhos, pensamentos e eficiência. Uma esperança um tanto frágil, já que estamos vendo a maioria usar todos esses avanços para assistir vídeos e fazer dancinhas no TikTok, com IA.

Amém.